QUATRO CRÔNICAS; QUATRO VERDADES (cumulo da incompreensão) (prosa poética)
-I-
Eis que em algum lugar da Alemanha, durante a segunda guerra mundial, após receber seu precioso e costumeiro cafuné no aloirado cabelo o filho pergunta:
— Mãe, por que estamos perseguindo os judeus? Quem são eles? O que fizeram pra nós?
-II-
Eis que em outro lugar, concomitantemente, porém confinado, sujo, maltratado e ferido sem esperanças, dignidade e cafunés, e que acabara de engolir um naco de batata malcozida num prato com gotas de água malcheirosa, o menino que não aprendeu ainda a ser judeu perguntou ao prisioneiro do seu lado, tão magro e doente como ele:
— Por que nos fazem mal? Quem são eles que nos querem ver mortos? Que mal fizemos pra eles?
-III-
Em algum momentum do Universo, na matéria-escura pela escuridão, entre Leis astronômicas indecifráveis e próximas à velocidade da luz, buscando o sentido ou a veracidade dos paraísos prometidos religiosamente à humanidade, expande-se ad aeternum, juntamente, as perguntas sem respostas dos meninos.
-IV-
Eis que nos dias de hoje, entre os brilhos das estrelas com distâncias bilhões de anos-luz é o indecifrável, incompreendido e criminoso silêncio que reina, na expansão do Universo e no coração da humanidade, para perguntas com semânticas simples como as de dois meninos: um sendo ariano sem saber e outro judeu sem saber, também!!