A LENDA DOS MALAFOGADOS E A CULTURA DO MEDO:

Memórias de uma Guerra.

 

     Só conhece a História quem lê os Anais

e revive as memórias de serem mortais

os homens que a Terra impôs a coragem

e levados à Guerra fizeram a passagem.

 

     Naquele 15 de agosto de 1942,

que o povo sergipano jamais esqueceu,

nem mesmo oito décadas vividas depois,

das 579 vidas que o Estado perdeu.

 

     Os moradores da costa viram o belo litoral

de intenso escarlate num instante tingir-se,

quando o nazifascismo tornou-se global,

da barbárie e do caos o mundo cobrir-se.

 

     Assim que o U-boot alemão aqui aportou, 

desdobrou-se o conflito em “Batalha naval”,

e um saldo catastrófico logo se gerou

com os torpedeamentos da “máquina infernal”.

 

   Os navios Baependy e Araraquara vilmente alvejados 

e em poucos minutos tragados pelo mar 

por submarinos estrangeiros ali malocados,

que vasculhavam a costa para aterrorizar.

 

     O adversário nazista mostrou a que veio 

e deixou doloridas lembranças na população.

Do Aníbal Benévolo, partido ao meio,

só restaram saudades em cada coração.

 

     Dos navios mercantes que então soçobraram, 

 foram centenas de mortos contabilizados

e, entre cargas diversas que se destroçaram, 

 “muitos sobreviventes traumatizados”.

 

     Parentes, amigos ou simples conterrâneos,               
 achados entre os náufragos de maior gravidade.

Até os pescadores dos municípios litorâneos,               foram vítimas inocentes da atrocidade.

 

     E como se não bastassem as vidas ceifadas,   

o imaginário popular também foi afetado

pelas “marcas da morte” nas praias deixadas 

e pelo terrível boato que foi espalhado.

 

     Os marinheiros e os civis foram advertidos 

para não se apropriarem dos “restos salvados”.

E entre todos os mitos que foram transmitidos, reproduziu-se a “Cultura dos malafogados”.

 

     A qual dizia que os bens sob as águas perdidos 
eram, assim como os donos, amaldiçoados 

e carregavam o estigma dos males trazidos

por “demônios malditos” no mundo lançados.

 

     E assim propagou-se o preconceito histórico

fomentado pelo medo e o imaginário folclórico,

que apontavam o “Eixo” como o “inimigo lendário”.

     Uma “fera Selvagem” sem honra e piedade, 

cuja "Bandeira" se fez o símbolo da maldade 

e da “ameaça de guerra” tornou-se a mensagem.


 

Poema escrito especialmente para fazer parte da Coletânea Escritores da Independência organizada pela Escritora e Jornalista Élle Marques da Editora Mundo Cultural World. O mesmo é baseado em fatos reais e objetiva destacar o marco histórico e cultural da Segunda Guerra Mundial e seus impactos sobre o território e a população sergipana. 

Uma homenagem ao meu Estado e ao meu povo! 

 

 

Adriribeiro/@adri.poesias

 

REFERÊNCIAS:


Texto:

http://mardoceara.blogspot.com/2014/08/agosto-de-1942-memorias-da-guerra.html?m=1

 

Imagem: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Baependi_(navio)

 

 

 

Adriribeiro
Enviado por Adriribeiro em 02/08/2023
Reeditado em 24/04/2024
Código do texto: T7851672
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