O Canto do Urutau
Astro de luz singular
Que a tudo alumia, que a todos toca
E de mim se afasta
Do vil animal em sua toca
Àquele que se aventura na caça
A Cotovia se recolhe no cajueiro
Sob os silvos dos ventos frios de agosto
Amarelando as folhas verdes de janeiro
Como um presságio de mau agouro
O canto cinzento do Urutau
A noite cai em silêncio
Me escondo no meio das sombras
E assombram a minha janela
As silhuetas de animais peçonhentos
O canto continua noite adentro
Às vezes bem longe lá no campo
Ou quase um sentimento
Nâo vês mentirosas as penas do Concriz
Nem temes ao sorriso do Abutre
E esperas de mim sempre o mal
Mas que lamúria mais imunda!
Amaldiçoas, por Deus e estas ruas,
Quem falou de Urutau.