Maremoto

Observo minhas novas cicatrizes, ainda violáceas, tão fresquinhas… Admiro, acolho essa nova mulher. Foi um longo tempo entre sono e vigília, alimentando, em vão, um desejo ardente de despertar. Depois do caos vem a tempestade. Limpa. Lava. Purifica. As certezas me cegaram para as verdades óbvias demais. Não preciso de ritos, ou rituais para honrar o que há de sagrado em mim. O uivo selvagem ecoa aqui dentro. Trilhei outras estradas ausentes da minha verdade. Uma busca insana da melhor versão construída com afinco. Tola ilusão! Ideias fechadas não abrem janelas, não deixam a gente ver o sol. Nem a centelha divina que há dentro de cada um. Eu sou sagrada. Eu sou feminina. Eu mereço prazer. Para cada escolha, uma renúncia. Aqui é exatamente onde eu queria estar. Pode ser doloroso, desconfortável, mas aqui está o trabalho, o sonho, o desafio. Aqui está o crescimento, o aprendizado. Aqui, neste presente, nesta realidade que criei para mim, é onde moram as surpresas do novo. Posso ser tudo que sempre fui, e muito mais. Nada me limita. Para além da culpa existe uma longa estrada, de flores e espinhos. Estou pronta para receber os mistérios que o Universo guarda pra mim…

*Si*

Simone Ferreira
Enviado por Simone Ferreira em 01/08/2023
Código do texto: T7851370
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