Metade de Mim
Apressado pela compreensão de mim, torno-me outro. Irreconhecível, desconhecido, vulnerável. Entender é mesmo inútil.
A minha força é fragilidade e minha alegria é luto. O mundo é imenso: já quis ser grande para caber nele. Mas os fracassos edificaram minha vida.
Deus é um devaneio. O medo pariu um cego e o tal inventou uma piada - vamos todos sumir! Não quero partir, mas sinto-me atraído pelo nada.
O vento já levou metade de mim e a outra parte o tempo tortura. O meu futuro é ontem, sempre pra mim é quando, nunca sempre foi agora.
O tempo toca tudo que morre; morre tudo o que tempo toca. Sou onda que se quebra na areia, movimento que faz e desfaz.