Inverno d'alma
A est(ação) gélida chegou, sem que eu me desse conta. Ventos cortantes petrificaram as lágrimas que escorriam da minha triste face, em face de um desalento.
Do alto da janela do meu quarto, deparo-me com a imagem cinzenta, em sintonia com o cinza do meu mau humor... remoendo estações que se findaram, deixando vestígios de feridas dolorosas que trago em minh'alma. A frieza de sentimentos é algo de fato dilacerante. Sinto-me ofegante!...resquícios de calor são expelidos no ar, saem da minha boca e narinas, se assomam à fumaça gelada advinda da vegetação congelada.
Parece que o frio da atmosfera, a tudo consumiu.
No alto da copa das árvores, despidas de suas folhagens, alguns destemidos pássaros buscam refúgio em galhos recobertos de gelo. Curvados, e praticamente encolhidos, parecem abrigar dentro das penas de suas asas; não se empoleiram mais como outrora, tampouco se esforçam para cantar. Vez ou outra, até ecoam um triste canto, e meus lábios pronunciam versos de uma antiga canção, cada qual recluso em seu canto, absortos na nostalgia gelada, exalando nossa tristeza no ar. Esperamos o sol chegar.