Buracos no asfalto
Ando, vejo, desvio, dos inúmeros buracos que “enfeitam” as ruas das extenuantes e agonizantes cidades.
Alguns deles já houve reparos e remendos, mas as pedras, areias e piches se esvaíram com a maldade humana.
Paro, sem festejo e penso naqueles, buracos que tanto me incomodam e que observam meus passos ritmados de batalhas contra as forças do mal.
Hoje, resolveram se esconder aos meus olhares e a me perturbar por mais um ano... são resistentes às chuvas, aos carros, à lucidez e ao calor humano.
Encosto-me, em pelejo, reflito; ignóbeis buracos! Refugiam-se por um breve período, posto que reaparecem dissimulados, profundos e sujos.
Não sei porque insisto em não mudar de rotas, talvez porque as fissuras da beleza, do saber e da verdade continuam irremediavelmente em mim sempre abertas.