DIGA A ELA (versos livres)
Poeta, diga àquela que apenas de mim se apossava, enquanto eu, intensamente, a desejava. Foi dela que tive atenção com sabor de liberdade e desejos com calor de cumplicidade; palavras recheadas de silêncios amorosos e sentimentos coloridos de anseios.
Por favor, poeta! Diga a ela que estreto eu sou.
Que sou a inspiração do verso livre que ela, não sabendo apreciar, encontrou-o em outro alguém que bem o sabe versejar.
Pela ausência dela, o Sol dia a dia a morrer vespertino, desperta da Lua lumes enlutados que envia pelas janelas tristes do nosso quarto como nascedouros de noites-ausências e desejos como orvalhos doloridos.
Poeta, diga a ela que sem o Sol, a viúva Lua não mais se interessará pelos meus segredos, pelas minhas abafadas alegrias. Afinal, do que vale amar sem a luz do Sol que se esvaiu e do lume da Lua que se entristeceu?
Alerte-a que mesmo um verdadeiro amor não sobrevive na eterna escuridão; ou na solidão!