A VOLTA DOS CASAIS DE JOÃO-DE-BARRO
Nos terreiros, no quintal e no pomar da Fazenda Canoas, de meu avô, durante os anos de minha meninice, era certa e esperada, todo ano, no começo da primavera, a volta dos casais de joão-de-barro para edificarem suas casinhas.
Faziam um alarido, uma cantoria, esses alegres trabalhadores. O ambiente todo era uma festa.
Acompanhávamos com ternura sua faina, seu esforço. Dizem que esses pássaros são monogâmicos, que seguem suas vidas sempre com o mesmo companheiro. São muitos dias de trabalho, trazendo pelotes de barro, no bico, para construírem o lar que irá abrigar sua prole e, amorosamente, perpetuar a espécie. O local escolhido era sempre longe de predadores. Podia ser um palanque alto de cerca, um mourão do curral, uma forquilha de árvore, um tronco seco, evitando fazerem a entrada virada para o sul, de onde vinham a chuva e o vento frios.
Mal o dia amanhecia, eram os primeiros a acordar e com grande alegria, iniciar seu trabalho, com o sol dourando a manhã.
E eu me sentia também feliz naquele ambiente. Ali era o meu mundo.