ADMIRÁVEL MUNDO NOVO

Sou um tipo de homem que se assusta com a velocidade do mundo chamado moderno. Ou pós-moderno. Pós-tudo, pelo jeito. Como cidadão do mundo dos livros, sinto-me cada vez mais estrangeiro no mundo dos tiktokers. Não me reconheço na lógica dos algoritmos. Minha arte é hoje peça de museu. Um museu que não será visitado. Num mundo de muitos barulhos, sou condenado ao silêncio. Sou condensado a quase nada. Talvez eu seja a resistência. Mas não me sinto resistindo. Sou apenas descartado com embalagem e tudo. Habito o limbo. De onde se vê muito pouco. Para onde nenhum olhar se dedica. Sou o marginal que se tolera em nome das convenções. O afeto a tudo que acredito é oferecido como se dá uma esmola a alguém derrotado, que habita qualquer calçada.

Anderson Alcântara
Enviado por Anderson Alcântara em 25/07/2023
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