Dual
Lágrimas riscaram minha face
Molharam meu leito
Choveu forte esta noite
Lampejos d'alma
Trovoada enfadonha
Mal pude pregar meus olhos...
Diálogos noturnos
Com minha irremediável insônia
Advinda da intrínseca melancolia
Impotente, sem relutar
Encolhi-me!...
Em minha própria caverna
Em esperas algozes
Que mal sentir passar
Entretanto, prolongaram o meu martírio
Ensejei o sol raiar...
Raiou o dia...
Luz irradiante adentrou meu quarto
Deixou tudo altamente evidenciado
Expôs meu rosto desfigurado
Adulterado pelo terror noturno
Sucumbiu o medo e as incertezas
Secou qualquer gota de tristeza
Aqueceu minha tez
Absorta de frios sentimentos
Abri arestas da persiana
Deixei a brisa suave e aromática
Refrescar-me por inteira
Dissipou algumas nuvens
Que ainda pairavam sob minha cabeça
Inebriada com a magnitude
Que minhas íris capturaram
Seduzida pelos cantos dos pássaros
Abri as janelas!
Arejei cada cômodo do meu SER...
Então o edifício do meu eu
Outrora abalado
Mal estruturado
Prestes a findar em escombros
Enfim se fortaleceu!
Alicerçado de Esperança
Trouxe-me bonança
Para dias vindouros
Oscilações existenciais
Testando-me mais uma vez
Provações a me apavorar
Para só depois me aprovar
Qualquer resquício de nada, se torna tudo se eu o agigantar!
Preferi mitigar!