Os Ventos de Júpiter
Era uma daquelas noites tempestuosas como as de Júpiter. Sempre me disseram sobre o vento e seus poderes, mesmo que ninguém consiga explicar muito bem como eu, vento, nascera de uma família tão presa à terra…
O vento é incontrolável, diziam.
O vento é inconstante, explicavam.
O vento é perigoso, afirmavam.
Mas o vento é uma linha, ou melhor, uma corda, não, melhor ainda, uma teia de uma aranha, leve, fluida, resistente e se você não tomar cuidado, a aranha sente que prendeu algo e aplica seu veneno, para tranquilamente voltar para seu local de descanso.
Quando você compreende isso, o padrão na inconstância se torna visível, o perigoso se transforma em belo, e o incontrolável, ah, o incontrolável, agora é você.
Os pássaros já perceberam isso antes mesmo de saírem de seus ninhos, cabe a nós nos permitirmos ao descontrole e à leveza.
Sejamos pássaros, aranhas, incontroláveis, inconstantes, sejamos ventos, furacões, tornados, brisas ou até suspiros, que assim seremos perigosos, perigosos para aqueles que não estão preparados para a teia da aranha.