DESASSOSSEGO
Respirava rápido para não dar brecha aos sentidos enganosos:
Quanto mais puro, mais cansado
Quanto mais dúvidas, mais ousado
Quanto mais sabe, mais há para saber.
São os solavancos ou saltimbancos ou centuriões e outras mil dessas palavras bonitas que não se encaixam em nada. Eu não gostaria de existir como palavra bonita só para cumprir tabela, ainda mais sabendo de um alguém que a definição antes era grega ou árabe ou indo-europeia e aí aportuguesaram-na.
Às vezes, tem lá o som bonito de ouvir (algumas coisas). São até boas de sentir, é verdade! Mas falta um conteúdo, um emprego, uma função, um porquê e tudo cai de cima do mastro: é que ao faltar o porquê, acabou toda a graça e começou a desordem.
Aí, eu tenho que levantar para procurá-lo. Sabe onde se encontram matemáticos, linguistas e crianças? Procurando esse tal porquê. Os sentidos só ousam sentir, mas eles e eu ousamos saber.
Sentir-se ia viva: na casa e no colo da mãe, na literatura e nos cálculos, no mundo e na descoberta.
Respirava rápido para não dar brecha aos sentidos enganosos:
Quanto menos volátil, menos fugaz;
Quanto menos humano, menos idílico;
Quanto menos experimentar, menos para viver.