Exaltação

Essa carta se dirige a todos os miseráveis do mundo.   É apenas mais uma prosa poética.
A quem faltou o pão, o afeto, o teto e o sono.

A quem faltou ar para respirar e vontade de viver.
Naquela hora do desespero quando o soco surgiu
e, você se desviou do golpe. A você que se defendeu como pode.
Naquela hora crucial em decidir entre o seu prazer e a necessidade do outro, você escolheu o outro.
Quando você deu o que tinha, quando não tinha quase nada.
Deu um abraço, um casaco, um alento, ou apenas uma palavra de esperança e fé.
Esta carta se dirige a todos os miseráveis do mundo.
Que estão numa guerra, num conflito,  no oceano profundo das desigualdades.

Sob o manto da invisibilidade.
E, mesmo assim, não desistiram. Não jogaram a toalha e, nem se acorvadaram.
Quando a sentença de morte foi dada. E, você só pensava em sobreviver mais um dia.
Hoje você tem o respeito silente de muitos. Vejo nos seus olhos todo o script da dor.
Do abandono e da indiferença que alguns, mais pobre que você, desferiram.
Misericórida por eles. Não foram capazes de alterar nada pelo caminho.
Nem as pedras se moveram quando eles passaram.
Mas, você que enxergou adiante. Que escavou com suor o caminho.
Trilhou, e vem caminhando. Nas incertezas diárias. Nos afetoss furtivos ou furtados.

Mas, conseguiu, ainda guardar no fundo da alma, a dignidade.

A capacidade de amar e perdoar.
Não esqueça. Desistir nunca. Recuar jamais...

Tentar novamente. Tentar de modo diferente... mas continuar tentando.
A vida é dos fortes... Ninguém vai bater mais forte que a vida.
Vencendo o improvável, construindo o impossível. Você chegou...
E, com louros ou não... Com medalhas da idade ou sem galhardias.
Lembre-se desses versos de Gonçalves Dias:
"A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar!"