Mágoas de um Velho (O anarquista)

— O povo emprega um cidadão

Que lhe roga o labor

E lhe garante o ganha-pão

De cidadão trabalhador.

— O povo ainda o remunera

Com um salário capital

Que multiplica e juros gera

Causando inveja nacional.

— Da incerteza o povo o isenta

Ao porvir não dá ciência

E muito cedo lhe aposenta

Seguro está com previdência.

— A este povo que o emprega

O tal recusa e acha abuso

Dar-lhe trabalho o que lhe nega

Sem promoção de um concurso.

— E ele não remunerado

Não vai morrer proposital

Por conta de qualquer trocado

É camelô - bico formal.

— Ao pensar ficando velho

Como será que há de ser

A neve tinge-lhe o pentelho

Roubando a ânsia de viver.

— Mas nessa honrosa persistência

Nunca jamais vai se entregar

Com o carnet da previdência

Se não morrer... Se aposentar.

— Para sistema escravocrata

Não vote mais nem eu nem tu

E com perdão de oligocratas

De lhes mandar plantar caju.

Seraphim
Enviado por Seraphim em 17/07/2023
Código do texto: T7839312
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