Meu tempo

Vejo o meu tempo, como fosse uma folha de papel,

onde as palavras romperam-se e encontram-se agora

amassadas e lançadas ao chão.

A cada ano vivido, as experiências e sabedorias acumuladas,

levaram-me ao desencanto que hoje carrego na alma.

Desacreditado de promessas, de sonhos vãos, de desilusões,

pergunto-me ao que serve viver.

A que veio a humanidade, se somos semelhantes na aparência,

porém absolutamente diferentes nos objetivos.

A que veio o amor, se em seu dorso trouxe o abandono, a solidão, a insídia

e até as recordações dos momentos felizes hoje fazem doer o coração.

O tempo nos faz pensar em como poderia ter sido, se tivéssemos agido de forma diferente,

se tivéssemos sido mais sábios, se tivéssemos tido a humildade em pedir perdão

como também a grandeza em perdoar.

Mas a vida deu-me o direito de fazer escolhas e com elas experimentar acertos e erros,

muitos que ainda não reconheço, embora possa tê-los cometido.

Eu, que via meu tempo olhando para a frente, hoje o vejo olhando para trás.

Pegadas que não posso apagar, caminhos que não posso retomar,

passos cuja direção, não tenho o poder de mudar.

Está feito e os desejos do amanhã, hoje são apenas folhas escritas e amassadas que conterão minha história.

E assim invejo cada manhã, que aceita ser de parte do tempo e escreverá o que está por vir

até que a luz vença novamente a escuridão e mostre a força do renascer.