Textos da Pandemia #4

Quarentena dia 123. Há duas noites renasci. Em momento profundo de oração. Com todo fervor e adrenalina que só as dores intensas podem evocar. Me vi como se estivesse de joelhos no cume de uma montanha, braços abertos ao alto. E clamei por liberdade. Estava exausta de carregar pesos desnecessários. Consumida por uma grande tristeza, companheira dos últimos tempos. Atormentada por pensamentos difíceis. Rezei. Muito. Para cada pontada de dor, uma enxurrada de orações. Para cada medo, uma enxurrada de orações. Para cada lágrima, uma enxurrada de orações. Ainda que fossem as rezas tradicionais da vida inteira, mecanicamente, em momentos de pouca vigília. Rezei. Vi uma figura monstruosa em sonho. Rezei ainda mais. Amanheci numa guerra interna. Pensamentos negativos, e mais orações. Me permiti no recolhimento diurno, em sono, ser cuidada. Foram dois dias intensos para desfazer um grande nó. E, nesta madrugada, já não sei de que sonho despertei, mas os insights foram acontecendo, as respostas foram chegando e eu me reconheci, na mais pura essência e verdade. Encontrei o erro na minha matrix. Me vi abraçada por uma nuvem de compreensão e entendimento. Tudo fez sentido e ficou nítido feito água pura. Beba e refresque o coração cansado. Não consigo descrever o tamanho da felicidade que vibrava em mim! Ressignificar. Uma releitura pelo avesso, nessa longa trilha do autoconhecimento. Apego. Simples assim. O exercício de uma vida, aprender a soltar e deixar ir. Sem medo. Todas as conquistas são minhas. Fazem parte da história que venho escrevendo. Nada vai me tirar tudo isso. E agora é tão somente o tempo de se abrir plenamente para o novo. Para as surpresas da vida. Tenho planos, sonhos, projetos. Ganhei fôlego. Tenho fogo. Entusiasmo. Sei que ainda enfrentarei tempestades, os pensamentos negativos não vão evaporar. Os pesos, porém, estão mais leves. E pra você que tenta me derrubar, saiba que eu não ando só. Sou dona de uma força gigantesca. E tenho uma incrível capacidade de construir castelos com as pedras do caminho. Meu sorriso ilumina toda escuridão. Não estou livre dos tropeços e tombos da vida, mas aprendi a me levantar e me reconstruir ainda mais desperta e inteira. Sou aprendiz. Sou de verdade, um ser de carne, sangue, ossos e amor.

*Si*

Simone Ferreira
Enviado por Simone Ferreira em 17/07/2023
Código do texto: T7838896
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