Ventania
Sozinho e parado fico de companhia aos troncos das árvores. Nas sombras das folhagens pelo menos eu não sou o errado. Aqui, com o farfalhar do vento, ninguém me diz o que fazer ou pensar; meu corpo, mesmo inerte, sente-se em movimento. É como se o vento me dissesse ‘’abandone-os e liberte-se’’. O vento sabe mais do que pessoas. Um guia espiritual namorador dos meditativos — ele, onipresente como é, vê nas entrelinhas das circunstâncias. Ele que se expande por todos os poros do mundo, e nos deliciosos segredos de outrem, aconselha-me a partir. Quem dera se eu fosse vento, sou uma planta da existência, onde recebo o irrigar de críticas sobre minha a minha cabeça. E o meu solo seca não crescendo mais amor. Só há moscas pairando o que me sobrou de sanidade. Deve-se ser forte num mundo de ruínas em pé, principalmente se há sensibilidade.