SÓ LEMBRANÇA

SO LEMBRANÇA.

ADORMEÇO, ME VEJO NA INFANCIA.

É MANHÃ.

O CANTO DOS PASSARINHOS ME ACORDA;

MINHA TERRA TINHA ARVORES ONDE CANTAVA O SABIÁ!

ASPIRO O PERFUME DAS FLORES,

ABUNDANTES AO REDOR DA BARRACA DE PALHA;

O JARDIM QUE EXISTIA AQUI NÃO EXISTE MAIS.

O BANHO NAGUA FRIA DO POÇO

ME DESPERTA;

O POÇO DE AGUA POTAVEL FOI ENTUPIDO

O MINGAU DE FARINHA BAGUDA ME AQUECE;

A FARINHA GOSTOSA QUE ABUNDAVA DESANDOU.

.

À TARDE.

NO RIO CHEIO,

ME AGARRO AO PESCOÇO DO PAI QUE MERGULHA;

APRENDO A PILOTAR CANOA, NADAR, PESCAR.

QUÃO FELIZ ME FIZESTE A INFANCIA, VELHO RIO!!

ESCUTO O BIMBAHAR DOS SINOS

DA CAPELA NA CABEÇA DA LADEIRA.

NA PRAÇA COM DECLIVE

COLHO FRUTOS MADUROS NAS MANGUEIRAS;

NA RUA DE CHÃO

JOGO BOLA NA CHUVA COM A MOLECADA,

ACOMPANHO O PALHAÇO PRA GANHAR INGRESSO;

DISSO RESTA SÓ A LEMBRANÇA

:

À NOITE

NA GERAL DO CIRCO ARMADO NA PRAÇA,

GARGALHO DAS PIADAS SEM GRAÇA DO PALHAÇO;

NA CALÇADA DA VIZINHA

BRINCO COM AS OUTRAS CRIANÇAS,

ATÉ QUE MESO SOPRANO MAMÃE

ENTOA: JOSEÉÉ´!!!

CONTRA GOSTO VOU LAVAR OS PÉS,

DEITO NA REDE REMENDADA E

MERGULHO EM SONO PROFUNDO.

19.05.2023

Arturo Cortez, cadeira nº 02 da ALB/Irituia, Pá; cadeira nº 19 do Instituto Histórico e Geográfico de Bragança; CADEIRA 74 DA CONCLABE - Confederação das Academias de letras, Artes e Ciencias do Brasil.

arturo cortez
Enviado por arturo cortez em 11/07/2023
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