DUETO INSÓLITO

O que sou diante de ti?

Um amante, um invasor.

Talvez um incômodo em seus pensamentos.

E tu?? O que és em mim?

Naturalmente o ser que aflora meus sentimentos,

Excitação da minha alma

E a absurda provocação da minha inspiração.

A agonia perfeita do meu coração.

Pulsão de vida de limiar intenso,

O suspiro mais forte,

Que, se perco controle

Me afundo em nostalgias.

 

Quem tu és diante de mim?

És tu quem estabiliza a minha sanha...

Que de tão insana...

Teve a sua morte anunciada...

Nos braços da desesperança...

Ah!! Como eu ansiava pelos incômodos das tuas divagações

Doravante... avante... quiçá um amante...

Ou romance, ofegante, insinuante..

Invasor ululante... panacéia num instante.

 

Mas, o que sou para você????

Sou um leão domado pelo verso enigmático

Sou eu quem suga o teu pranto adocicado de prazer...

Será que sou a tua sina

que te faz sofrer dobrado às decepções do amor?

Eis que novamente te dialogas por sutilezas

E, numa catarse sem recalques, reflito em frenesi e resigno-me:

“Teu cheiro me apetece os sentidos,

aguçando-me os desejos mais vis...

tuas letras gritam desconexas em mim

e, ainda sim, compreendo-te fugaz entre as frases”

Impossível não te ver, visto que o idílio te escancara...

Eis que tu vens, incontinenti, revolvendo, expondo...

Me tirando a razão...

Expulsando os segredos da minha mente...

 

E o que será que somos um para o outro?

Será que somos dois amantes, invasores de sentimentos,

Separados pelo longínquo...

Eternamente juntos pela imaginação poética

Restando deveras...

Uma vontade insensata de tocar o outro logo ali...

E para que lado a vida foi?

A vida seguiu seu curso?

Passou “ao largo” do meu querer?

Cansou-se das minhas escolhas erradas?

Ou das minhas conclusões precipitadas?

Só sei que partiu levando quem me amou...

E com ela...

Um coração ancoradouro...