VINGANDO-SE DO LEITOR (adeus a mais uma obra) (prosa poética)
Lembro-me, sim! Foi no momento que o Inverno pegou correria com a sua mala, cumprimentando a Primavera achegando-se com mochilas entreabertas transbordando pétalas de entrelinhas. No exato momento em que os personagens diziam-me derradeiros adeuses, ávidos por padrastos chamados de Leitores e me deserdando como o dedicado criador.
Vi-a recente obra: indo-se. Depois, de algumas lágrimas teimosas, não dei rogados, jamais implorando como uma vítima incapaz: e a todos me vinguei:
Abri um novo arquivo, subornei a minha alma por novos escritos e iniciei mais um romance. Aos traíras do recém-terminado: "que vão com Deus". Eu por novos amigos; sou capaz de novos bem criá-los.
A melhor maneira de, gostosamente, vingar-se dos adoráveis Leitores que levam embora os meus personagens, os que por meses me acostumei, é logo presenteá-los com mais escritos.