Devir-ser

caiu do céu uma ideia nebulosa, resplandecente, sombria e sublime: - Eu sou, eu fui, eu serei.

sozinho estou, sozinho fui, sozinho sempre serei…

tudo que já fui eu serei, tudo que serei eu já fui, no entanto, Sou.

sinto-me preso à minha liberdade, fechado em mim mesmo. minha vida é uma gaiola de céu e nuvens em que sou o pássaro e a prisão.

não há fim para mim, pelo menos não em minha concepção de mundo; e se não há fim, também nunca tive começo. conheço apenas a transitoriedade do mundo, o horror da destruição e a beleza da criação.

minhas palavras lhe soam inspiração de um místico? metafísico? - se assim quiserem, meus leitores, interpretem-me.

eu, por mim, falo apenas do que experimento, por mais ambíguo que soe minhas palavras, pois só conheço o caminho, a transitoriedade, o movimento. eu sou passagem e passamento.

se houve um começo, ninguém pode sabê-lo. há mais metafísica em postular um início que admitir apenas o devir.

eu sou este mundo, sou o impulso, o impulsionado.

para trás e para frente de mim só há o abismo da eternidade, eternidade em transformação.

sim… estou sozinho… não há nada além de mim.

Quem sou?

a máscara de Dionísio...

Fiódor
Enviado por Fiódor em 08/07/2023
Código do texto: T7831907
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