NOITE COM SUSPIROS

 

 

Não há volta a dar-lhe, em algumas coisas sou um homem como os outros... E anseio tanto pelo sabor da tua pele como pelo prazer da tua companhia. Não poderei amar de corpo e alma se só amar a alma, tenho que amar o corpo também, e tu sabes... Terei de despertar a fêmea que aguarda adormecida dentro de ti, adorar-te como mulher que és. E se é certo que outros dias chegarão, esse também acabará por chegar. Numa noite de luar, num beijo arrancado inesperadamente, num desejo reprimido entre a vontade de revelá-lo, não sei, mas surgirá, é inevitável… E nesse momento mágico suspenso no infinito, os meus olhos tocarão os teus e seremos únicos. Só então verás o que é ser desejada como só eu poderei te desejar, na plenitude. E então, buscando todas as forças reprimidas nas entranhas do meu ser, afastarei suavemente o teu cabelo dos ombros e direi sussurrando ao ouvido: quero-te… Empurrar-te-ei para a cama, sem pudores ou licenças, sem medos ou crenças, te amarei e serei teu, até que por fim me pertenças… Prisioneira da paixão ardente e privada da vontade de fugir, serás escrava dessa vontade demente, desses toques que te farão explodir... Sentirás arrepios, perderás o ar, farei gemer, farei gritar… Ficarás ofegante, perderás a razão, te amarei de rompante, sem perdão… Domarei esse teu desejo, entre beijos escaldantes e pernas entrelaçadas, entre gemidos ofegantes e costas arranhadas... Até que por fim, exaustos e aéreos, sem receios ou passado, tu adormecerás no meu peito, e eu adormecerei a teu lado…