Autossabotagem
Muitas noites saio andando pelas ruas
E aprecio as casas do lugar onde moro
O que me faz lembrar a cidade onde nasci
Me corre um frio ao perceber que sou o mesmo cara
Mas com uma roupagem diferente
Adquiri novos vícios
Conservo alguns ainda da adolescência
De outros, me livrei
De um modo menos destrutivo
Ainda hoje represento um perigo para mim mesmo
Na medida em que a noite avança
Percebo a nuvem que se aproxima
O vento é tão gelado que fica diferente o ar
Não é seguro ficar aqui
Estar aqui dentro
Imagens se constroem e se desfazem o tempo todo
Eu peço ao último garçom
Que, se puder, pague a minha conta
Pois, devido às escolhas que fiz, já não tem mais volta
Tremendo de frio sob o riso da escuridão
Me ajoelho diante de linhas obscuras
Causando dúvidas entre a vida e a morte
O que me deixa bastante confortável para dizer: Espelho, espelho meu,
Existe criatura mais nociva do que eu?