As nuvens, Às Vezes Não aparecem
Tudo tão límpido. A impermanência se apresenta.
As nuvens, não estão lá, como sempre, a obscurecer a realidade última.
Como no azul limpo de um dia de Sol escaldante, a consciência revela o transitório que habito.
Não há corpo, que nada! A realidade última, tece meticulosamente um instante montado.
O fundo, é a superfície, a frente e o lado, os sons, a interação de vontades, como orquestrado por uma mente que busca objetivos.
Se vivo neste hoje, eu e tudo que há, é resumo de um passado que pensou para estarmos .
O carro que é dirigido, o asfalto feito, os instrumentos de trabalho do engenheiro, e do médico, e eles atuando.
O cortejo fúnebre, conduzindo o corpo daquele que partiu.
Existe um instante que me acho, sendo compelida a agir nele, onde vivo a sincronia do presente, passado e futuro. Como usufruindo de um tira gosto, convidada ao desapego.
O eterno agora.
Dizem que o Sol que vemos estático brilhando no céu, é utopia.
Na realidade, movimenta a uma velocidade descomunal levando os agregados no espaço sideral.
E que tem estrelas que brilham no céu, que não existem mais. Só o brilho delas.
Que existem galáxias sendo geradas, estão ainda no ovo.
No instante, não tem tempo, nem espaço. No instante tudo acontece mansa e tranquilamente, ferozmente, implacavelmente, numa mudez gritante, tudo sendo gerado, descartado, recondicionado, destruído, ressignificado... não tem o olhar para trás, pena, perda. Segue.
O instante...é o eterno agora!
O passarinho que pousa no muro, que me faz de limite no faz de conta, me desperta para as nuvens.