Montanha Russa

Vem, moça, aproveitar esse lindo dia de sol. Você nunca sabe ao certo quando virão os dias nublados de chuvas intensas. Tudo bem, você já sente o vento gelado, o arrepio, fareja o perfume das águas que logo irão invadir tudo. E você sabe que não há nada a fazer quando se precipitam as tempestades. Resiliência e resignação são as palavras de ordem para esses momentos. Quem poderia entender essa sua nostalgia daqueles dias em que você não pensava tanto, não relativizava, não dimensionava os fatos? Daqueles momentos densos, dias cinzentos. Anestésicos potentes. Havia uma serenidade torpe. Tão diferente destes dias de matizes intensos. De uma harmonia quase perfeita. De cheiros e sabores poderosos. No fundo, você sabe bem que não é nostalgia, é a sua preguiça! Uma vontade lânguida de voltar pro casulo. Onde não havia tanta turbulência, não existia essa montanha russa de sentimentos e emoções. A vida parecia mais fácil. E com certeza era bem menos feliz. Desperta, consciente, em constante processo de cura você reconhece que o árduo trabalho da reforma íntima, das estradas tortuosas da individuação, das florestas que te conduzem de volta a sua natureza selvagem e esta vida tão repleta de amor é o que há de melhor e mais bonito. Nestes dias solares, de lua cheia, habita somente a certeza de que você fez as melhores escolhas. Os tempos difíceis ficaram para trás, e quando a chuva vem, você se despe e permite que as águas lavem a sua alma e pele! 

*Si*