Pegadas na areia
Sendo o inverno tão rigoroso, porém não criterioso, passou deixando rastros; ela que já vinha de uma ressaca de marasmo provocada por ondas de desilusões, prostou-se à beira do mar.
Ainda não sabia se a(MAR)... por ali ficou, até o entardecer.
As águas salgadas que escorriam de sua triste face, se misturaram com as do mar.
Sentiu -se totalmente tolhida, à deriva estavam seus pensamentos... ela também.
Era refém da vida ou dela mesma?...
Intima(mente) sabia que algo precisava ser feito, só não sabia como.
Um vento desavisado passou sacudindo suas emoções... num átimo, pareceu recobrar a lucidez. Há tempos encontrava-se nesse estado de desalento e inércia.
Apenas se lamentando... procrastinando. Isso era decorrente da sua melancolia inata, acabou se dando conta de que os dias avançaram calendário afora... e no rarefeito dessa atmosfera, decidiu arregaçar as mangas para a vida, sem esperar mais que por esta fosse surpreendida.
No fundo, sempre quis que isso partisse dela mesma, e nessa certeza, passou a confiar em si e em suas intuições... tirou-as do castigo... haviam sido deixadas de escanteio; em troca desse resgate, o medo é que ficou de lado, inevitavelmente acabou ficando para trás... à medida que ela avançava, na estrada que foi cocriando, acertando nova(mente) os passos.
O inverno tornara-se apenas prelúdio do porvir, porque por muitas vezes só serviu para lhe confundir.
O sol despontou mais uma vez com toda intensidade, a tristeza de outrora arrefeceu... presa naquela arcaica est(ação). Aqueceu seu cor(ação)!... com o poder da ação.
Voltou ao mar, mas já sabia se a(MAR)...
E lá lançou todas suas incertezas e tristezas.
Deixou suas pegadas na areia. Que tão logo as ondas iriam lamber e apagar.
Fechando esse ciclo, deu as costas sem olhar para trás.
》A estação é um convite: Agasalhe-se!... de amor, de afetos... vestes que possam aquecer e vencer qualquer tipo de frieza. Bom início de inverno!... com o quentinho das poesias.