FLORES INFIÉIS (prosa poética)
As flores são malvadas. Fazem-se belas, entram em minha vida, perfumam a minha existência, aparentam-se lindas mulheres.
Eu, incauto diante da beleza, por elas me apaixono.
Chega um dia que elas não se agarram na primavera do meu amor, deixam-se não mais serem lindas como as mulheres, não exalam perfumes, saem de minha vida e perdem a beleza ao se desfolharem pelas brisas das minhas saudades.
Deixam de existirem. Destroem o calor do meu verão e os sabores dos frutos no meu outono, tornam mais frio o meu inverno.
Eu? continuo incauto diante da beleza não mais existente, torno-me melancólico e iludido no aguardo da próxima primavera.
E escrevo... Somente escrevo a elas versos sem nexos e rimas, como se deve escrever aos amores infiéis.