Que nem a Minha Alma
Pode ser a última frase esta daqui.
Se Deus permitir que meus rascunhos estejam aqui quando eu não mais estiver.
Espero que desenhos japoneses e receitas culinárias que nunca serão feitas, jamais tomem minhas páginas.
Prefiro-as brancas do que “impoemáveis”. Negras do pó, que um cálculo errado de matemática.
Tudo funcionava tão bem, os parágrafos tinham distância certa, a letra era tão elogiada... Que nem a minha alma.
Que busca é essa que só faz ficar pior?
Quantos defeitos!
É tão tarde da noite que nem a minha alma consegue despregar os olhos.
Por estes lados a dança já cessou que nem a minha alma.
Eu nasci pra doutorar estrelas, pra nem saber o que digo, pra lhe fazer sentir que o limite é um pouco menos alto que esse precipício.
A maçaneta da porta da frente enferrujou que nem a minha alma.
A tsunami matou os banhistas que nem a minha alma.
A fofoca rolou boca-a-boca que nem a estrada falsa.
De tantas faces, tão trasvetido... Com a alma tão grande... Que nem a minha!
Prata pra ver no prato preto. Estourado a quem não entender... “Alguém me entende?”
Vai ser um dia, vai ser um dia que nem a gente sonhava... A gente só sonha mesmo.
A gente queria tanta coisa.
Eles vão ser que nem a gente, vão ser que nem a minha alma.
Yeah! Yeah! Me ajuda a gritar!
Os cavalos tem hora marcada pra passar, á trote é que nem a minha alma.
Deus é uma garotinha viciada em chocolate. Quebra suas bonecas, cai do balanço, e cata moedas na estante.
Chocolate, bonecas, balanço, moedas...
Que nem ela! Que nem a minha alma!
Douglas Tedesco – 12/2007