O FEITIÇO DOS SEUS OLHOS (prosa poética)
O Sol, invadindo o nosso quarto atrevidamente, dourando o seu cabelo e realçando o seu corpo bronzeado que me deixa louco ao contrastar com a minha pele preta; eis que eu nem o perceberia...
— Por quê?
Porque ele irá me surpreender perdidamente enamorado pelo verde dos seus olhos...
Pelo claro dos seus olhos.
Pelo feitiço do seu olhar!
Sendo a Lua, mansamente, dengosamente e sorrateiramente adentrando, lumiando seu sorriso, pintando um quadro com os reflexos das gotículas do suor em nossos corpos como faz serenamente pelas águas dos mares, lagos e rios; eu não daria por conta da presença dela...
— Por quê?
Porque ela me encontrará abobalhado pelo verde dos seus olhos...
Pelo claro dos seus olhos.
Pelo feitiço do seu olhar!
A brisa chegando, acalantando o farfalhar das asas que mantém a graciosidade das aves planando longínquas praias desertas, enquanto envolve amorosamente seu meigo jeito de ser e a sua sedosa pele; eu jamais a sentiria...
— Por quê?
Porque, sem dúvida alguma, descobrirá eu deslumbrado pelo verde dos seus olhos...
Pelo claro dos seus olhos.
Pelo feitiço do seu olhar!
Todavia, até a petulância do maior Poeta chegando — o mais sábio deles na exímia capacidade de embelezar palavras —, comunicando que me ensinará a perpetuar versos fenomenais pelo que sinto por você num poema que silenciará o Universo e seus habitantes vivos e mortos; eu nada aprenderia...
— Por quê?
Porque o poeta me achará um homem enamorado, abobalhado e deslumbrado já sentido na Alma a poesia mais bela e perfeita sendo declamada pelo verde dos seus olhos...
Pelo feitiço da claridade dos seus olhos.