Anna From Hell
As árvores uivavam como coisas vivas, era de cortar a respiração. Não havia sobrevivência de sorriso no rosto, por mais que bem ensaiado. Os monstros e demônios sempre nos acompanham e fazem parte dos pesadelos mais sombrios, enquanto o medo faz seu papel, qualquer vão se torna cratera.
A chuva torrencial tornava o cenário ainda mais esplêndido. A escuridão imperava como uma densa cortina preta. Manter-se na escuridão, para mim, torna-se uma espécie de alimento, me fortalece. Sinto necessidade, desse momento só meu. Eu e ela, a escuridão.
Os corpos repousavam serenamente, como anjos caídos, o sangue escorria dos pescoços, com o meu mais sincero olhar diabólico os admirava, contemplando como uma obra de arte. O sangue brilhava tanto que parecia diamantes infernais, suscitando a minha fome por sangue. Sangue grosso, de fazer bigode. Impossível resistir. Afinal, ir a um bar e não beber é o mesmo que ir à igreja e não rezar.
Sinta-se acariciado, meu carente demônio; posso metaforizar, ser fada ou bruxa, fogo ou água, mas não me imagine como o monstro do lago Ness, nem como uma Cinderela. Levo jeito para mocinha comportada, todavia, tenho vocação para vilã. Enfim, uma Diaba, a melhor definição de mim mesma. Mas não se preocupe, no inferno sempre tem lugar para mais um.