ANALÓGICO
Havia um tempo em que um caderno era um baú de grandes segredos. Sonhos eram confessados. Diários expunham a alma em desespero, às vezes em puro encanto. Em deslumbramento. A vida era contada no fio da caneta. São verdades de outras épocas. Hoje, a vida se passa na tela de um smartphone. É um mundo em que um engenheiro, um jogador de basquete, um garçom, um piloto de avião, todos eles se confessam, se contam, se desnudam nas telas. Não há em qualquer criança sonhos analógicos, sonham que possam ser contados em folhas de papel, que possam ser escritos com lápis, caneta. Sonhos sem o colorido de uma Faber Castel.