QUE LIVRO ME ESCREVESTE? (versos livres)
Ó, poeta! Que escreveste de mim sem a minha ordem expressa? Li as suas páginas que são salpicadas de versos, os anversos dos versos e as linhas das entrelinhas. Achei os meus antigos sentimentos segredados: as minhas alegrias e tristezas, os meus sucessos e insucessos, realidades e sonhos.
Conheces-me?
Escreveste de mim das cinzas aos todos matizes?
Do dito que desejei e disse e o que não ousei dizer?
Mas, alerto-te de todo coração, que como poeta és apenas o habitante usual de mim e jamais o conhecedor do meu coração e da minha alma.
Poeta! Terminaste? Vi o último ponto imposto, depois duas páginas vazias, além delas apenas a contracapa.
Publicaste-o?
Se sim! inicia outras obras, pois a terminada agora é minha e dela sou o leitor, o dono e o ladrão dos versos em que não me representaste.