[Rumo ao Inferno]

Viajei muito, estou cansado, de mim, de todos.

O meu cão arfa, olha-me,

interrogando-me se já vou partir.

O meu cavalo descansa, mas fica à espera;

quando a lua cheia subir sobre o grande rio,

nós três partiremos pelas estradas enluaradas.

Sei bem as plantas, as pragas, os espinheiros,

conheço as grotas escuras,

estremeço-me com os piados soturnos.

Sei que dos dois lados da estrada,

espiam-me as almas penadas — O inferno é o destino;

navegaremos, embora nos custe!

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[Penas do Desterro, 16 de dezembro de 2007]