Opulência

Meu peso está alterado, mas a minha essência permanece intacta. Debaixo de toda essa camada adiposa ainda persiste o meu sorriso, minha espontaneidade, meu humor ácido. Minha força, resiliência e amor. Tudo aqui em perfeito estado de conservação e pronto para o uso. Como deixei que a vaidade me cegasse tanto assim? O apego cerrasse tantos véus de ilusão, encobrindo essa verdade tão evidente. Difícil ser autêntica nesse mundo artificial. Se assumir para fora da caixinha. Escrever sobre as sombras. As fraquezas e inseguranças. Não há vitórias, superações e conquistas a partilhar Eu não me reconheço com esse sobrepeso. Me descubro a cada dia. Vou buscando os melhores ângulos. E aos poucos, vou me aceitando, consciente das minhas escolhas e possibilidades. Preciso me reconciliar com a minha essência. Refazer as conexões com meu eu sagrado. Para além do corpo que não veste mais a maioria das roupas no armário. Sei que tenho sido redundante, mas ainda é muito estranho habitar essa casa material, conviver com toda essa corpulência no dia a dia, nas questões práticas. É um mundo totalmente novo pra mim. Por isso me encanto quando me vejo para além da matéria. Quando reconheço algo genuinamente meu. Sigo no aprendizado das coisas inéditas. Vou desfilando por aí estreando um novo corpo. E os meus olhos ainda brilham diante dos insights tão perfeitos, das certezas desfeitas, dos caminhos feitos a cada passo, meu e do Universo!

*Si*

Simone Ferreira
Enviado por Simone Ferreira em 07/06/2023
Código do texto: T7807708
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