A DOR DA AUSÊNCIA (prosa poética)
Levanto-me sonolento. Uma sonolência de noite longa onde o sono demorou-se em pesadelos. Longa com visões. Visões de ti distante.
A minha mente, tagarelou a noite toda para descobrir que não sabia que a tua ausência, necessária e permitida, fosse doer-me.
A casa ainda exala o teu perfume. A tua imagem vive em cada canto e em cada movimento, impregnada em cada objeto. As flores ficaram sem beleza e vida: perderam as cores e perfumes.
Somente é importante o relógio. Marca o teu regresso. Precisamente marca-me, também, com o seu som, provocando dores de ansiedades.
Assim...
Quando chegares vou abraçar-te: Apertar-te contra o meu peito e acariciar teus cabelos, e teu rosto, e o teu corpo, beijar-te como nunca fiz. Como deixei de fazer? Incompreensível!
E...
Olharei nos teus olhos e falarei:
— Aqui tens um novo homem aprendendo que com tua ausência não se pode viver...
Respirar...
Amar...
E calado aguardarei ansioso para ouvir a tua doce voz me dizendo:
— Eu voltei e só com você ficarei.