Vestes de Escarlate
Surrupiou um sorriso!
Gargalhando em alto tom, parecia querer chamar a atenção alheia, às custas de uma falsa felicidade...talvez queria convencer a si mesma.
Ensejando agradar multidões, inferiu que fosse melhor assim...mas para quem?... ao agradar os outros desagradou-se!
A face transfigurada pelo próprio martírio, era ocultada, forjada por uma maquiagem pesada. Desproporcional era, o peso que insistia carregar em suas costas. Fardos de uma triste alma que não harmonizava com tais atitudes, faltava sintonia com seu próprio interno, pois vivia demasiadamente em prol do externo. Seu próprio inferno!... no calabouço do seu íntimo, agonizava. Caída em poças geladas da mais profunda solidão, consternação!...O corpo encolhido em posição fetal, deflagrava a falta de abrigo. Algoz de si mesma, alimentando incertezas. Ninguém ouvia seus gemidos,tampouco seu grito de socorro. Paredes frias abraçavam-na, abafando suas lamúrias. Não contava que no Teatro das ilusões, pudesse ser vaiada pelas vozes ecoantes do próprio íntimo. Feriu-se e sangrou. Em vestes vermelho púrpura, ninguém notou os rastros de sangue... refletidos em seu triste olhar...mas quem se atenta aos olhares?... quem os sabe decifrar?...
Não é purgatório, tampouco cemitério, entretanto, várias são as almas perambulantes, desALMADAS, desarmadas... armando tramas de fatos, que não as fazem feliz de fato; caindo em teias de consequências, sem saber como se libertar do intrínseco martírio...e ela era só mais uma dessas na multidão sem conexão.
Destituída, ofegante... coração descompassado, descompensado... seguia triste seu caminhar...pois só dedicou a AMARgurar-se. Nenhum vislumbre de amor, ninguém para amar, ninguém a lhe consoLAR. Convite do uni(verso) a retomar seu LAR. Viagem interestelar, emanação de uma supernova, rodeada de nebulosa planetária. Retornando ao próprio planeta, esse jogo, cedo ou tarde irá virar, a "pressão atmosférica" tem sido um cenário propício...tão logo ela irá elucidar-se, retornará a brilhar... de longe, todos avistarão sua luz, num céu interno brilhará primeiro, para só então irradiar...quando se despir de todas as vestes, deixando Escarlate num passado remoto, sem remorso...a deslumbrar-se com a nudez do seu avesso: A nudez impecável d'alma... essa ninguém resiste, reside dentro de cada um...subsiste!... porém, só enxergam os que se permitem sintonizar, conexão é que faz encantar.