... aquele olor de um perfume sem tempo ainda persistia naquela singela naquela cozinha com mesa de formica vermelha. Seria o odor da madeira de cheiro no fogão ardendo de boca aberta ou a alegria do som dos teclados da Olivetti Studio 44 em que as meninas agora podiam escrever direto seus poemetos. Um ruído e a TV de pernas longas nunca pegava direito

Eles se conheceram durante a guerra. Terno de linho, chapeu de camurça, exportação de madeira, genro do governador. Gostava de assistir os filmes de Gable, e nao ficava longe das noticias e das revistas. Tinha hospedagem garantida sempre no mesmo hotel onde passava horas lendo nas poltronas de couro do grande hall. Até ali, aquele endereço havia um rastro. Ela pegou seus olhos enxarcados  e os colocou em sua concavidade ocular de novo. Ela os havia tirado para orbitar no tempo sentindo este seu olhar  nao ter a menor importancia a ninguém vez que  sempre ficava sozinha a desenhar e depois apagava tudo...