Eu não te amo de forma segura, com as mãos limpas. Eu não te amo na calma— mares agitados, águas nervosas de dedos gelados e trêmulos em tua presença.

 

Eu não te amo se o amor é apenas momentos fotogênicos — sem dúvida, sem defeito — não sen reflexo de rostos marcados, açoitado pelo vento e assustado, por estar vivo.

 

Eu não te amo de maneiras felizes; eu te amo doendo e mumificado — despida sem noção e sem medo de teu cuidado. E te amo quando o amor pode rasgar e nos separar e lançar nossa carne às gaivotas famintas, voando baixo. Eu te amo como oceano em seus dias mais selvagens; sem avisos meteorológicos de nevascas, furacões e caos.

 

Eu não te amo de maneiras calorosas como fui beijada pela primavera vez primavera na primavera de ventos vazios...

 

Eu não te amo se o amor pode não se sentir congelado e quebrar em pedaços sob o peso de um toque descuidado— frio e com medo, que pode dissipar ao calor do verão.

 

Eu não te amo de maneiras conjugais— em anéis de dedo e votos escritos. Eu não te amo se o amor é um contrato entre promessa e esperança. Eu não te amo de maneiras esperançosas, não, eu te amo sem esperança, de um fino sentimento, entre paixão real e graça amorosa...

 

Eu não te amo em ordem arrumada; tudo colocado como desejado pelos sonhos— eu te amo se afogando com medo e confusão; que se afasta e se aproxima, que súplica ouvir "Eu te amo" e foge... foge pela verdade que não encara e finge não ser.

 

Eu te amo perdido, eu não te amo em modos de vida normal ou clichê, como respiração ofegante do peito ansioso, da pele em suor afogando o desejo e não querendo aceitar.

 

Eu te amo perto da morte— no fim de minha vida ofegante, que em fraqueza murcha. Recita com cuidado - eu não te amo - se o amor não pode chorar os que perdemos.

 

Eu não te amo em formas de pressão alta, adoração uivante como lobos para a lua; adoração em serenatas de vozes apaixonadas entoando em noite fria histórias não mais vazias - tevamo fora de vista e com a mente tranquila o sorriso em tua imagem, meu corpo reverência silenciosamente.

 

Eu te amei pouco à primeira vista, eu te amei muito mais depois — no segundo olhar no terceiro cheiro e no nunca no ultimo gosto tão bom quanto o primeiro.

 

Eu te amei na chegada, te amo nas partidas e na surpresa do tempo seguinte, que presenteado com sua nova chegada dançando no ritmo do desejo que lateja o coração, renovando sua última batida.

 

Se eu morrer, antes de ti, me amara na morte; no solo e na poeira — não serei teu fantasma— mais tua feliz lembrança.

Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 03/06/2023
Reeditado em 03/06/2023
Código do texto: T7804747
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