Como saber, então, se é de fato amor?
Zygmunt Bauman, o grande filósofo polonês, que me perdoe, mas a modernidade sempre me fascinou, pelas possibilidades que nos oferece de sermos ainda mais humanos, sem, no entanto, nos forçar a sê-lo.
Ela nos proporciona a capacidade de transplantar órgãos das mais variadas formas. Sem, no entanto, impor a nós mesmos que tenhamos um coração. Encurta as distâncias, para que sejamos capazes de nos relacionar com pessoas do outro lado do mundo. Sem nos obrigar que esses relacionamentos sejam de longa duração.
Mas os relacionamentos líquidos têm, ao menos para mim, alguém que sempre acreditou que o amor é a melhor e mais segura medida da alma, alguma coisa de triste. Pois o amor em nossos tempos não tem mais a beleza de ser posto à prova. É apenas um combinado de muitas formas, inclusive, do tempo que vai durar, e, como todo combinado, não sai caro.
O amor que não exige cumplicidade, no qual não se precisa um do outro, onde cada um parece ser tão independente, não me inspira a escrever um bom livro, uma bela poesia. Talvez uma outra forma de arte que ainda não entendo.
Mas a vida segue, ela é como é, acontece em grande parte a nossa revelia. A mudança, aliás, tem sido a única constante na história humana.
Mas a pergunta que fica é, e se souberem, por gentileza, respondam-nos, se ele não é mais posto à prova, como saber se é amor de verdade? Como saber se ainda vale a pena esse tipo de amor?