Denso breu
Então, o meu dia parece estar se tornando uma verdadeira noite... sem luar... sem estrelas. Denso breu.
Quem sou eu? Pelo visto uma pessoa que está apenas ocupando um espaço neste mundo imenso... fico a me perguntar: por que o Universo não me expulsa de vez?
Procuro andar reto nessas linhas tão tortas debaixo de meus pés... mas não consigo me equilibrar... vivo a machucar quem se aproxima de mim - não, não é exagero... ouço isso diuturnamente...
Fico olhando pra mim desesperançada... melhor seria ser nada.
Aquela mochila que ficou jogada num canto adiando a promessa de pegar um trem e partir para terras distantes, longe de todos os que me conhecem e vivem apontando o quanto sou ruim, agora está no varal... pegando sol e se preparando para partir.
Sim... meu destino está selado. E não, não será com ninguém ao lado. Seguirei rumos desconhecidos, cruzarei apenas com desconhecidos...
Quero fazer uma pausa, ou melhor, dar uma pausa às pessoas que incomodo e tentar ser melhor, seja lá o que isso quer dizer. Talvez no cruzar de olhos com um mundo totalmente estranho e solitário eu entre no prumo. Talvez... não sei... realmente não sei... porque já ouvi tanto que 'pau que nasce torto morre torto'.
Sim... está doendo... doendo muito saber que sou uma pessoa intragável, uma pessoa que ninguém quer por perto. Na verdade, não posso dizer que ninguém me quer por perto... minha companhia sempre é bem-vinda quando alguém precisa de ajuda... aí sim... aí eu sirvo... depois sou descartada como lixo... lixo tóxico.
Bem, caro amigo, que me leu até aqui. Hoje é um dia ruim... bem ruim... por isso o desabafo. Talvez amanhã esteja tudo cor de rosa ou 'tudo azul'... e eu decida guardar a mochila e adiar os planos de partir...
... mas isso veremos amanhã. Por enquanto, estou fazendo a lista de lugares por onde passarei os próximos tempos.
Eu escutei tudo atentamente. Levantei, abracei minha amiga e disse: - "Talvez sejam as pessoas que te rodeiam as problemáticas... porque eu te amo assim, exatamente assim como você é!"