Escassez

Essa louca estrada da vida é feita de incríveis descobertas. Basta a gente respirar fundo só um pouquinho, se abrir para os recadinhos do universo, e os insights vêm! Claríssimos feito lua cheia. Nesse novo processo de busca e individuação aprendi algo curioso. A ideia da invisibilidade é uma faceta do meu orgulho. Não ser vista é um lugar comum. Um posicionamento confortável. Não exige nenhum esforço prático, ou criativo. Esse é o meu lugar. Debaixo das sombras. Construindo castelos para me abrigar. Tecendo um universo ínfimo, único, todo meu. Protegida. Em segurança. Afastada das possibilidades de crescimento. Flor em semente eterna. Que doce ilusão! A vida pede passagem. O mundo precisa ser sentido. Na pele. Na carne. Nos ossos. No coração. Sair do casulo é entender que não ser vista não é um desejo autêntico da alma, mas uma compreensão maior que há um outro universo que não coexiste com o seu. Simples assim. Não tem essa de não quero elogios, faço para minha satisfação apenas. Mentira! A gente quer ser elogiado, quer que o nosso dom vibre em outras pessoas, que reverbere em outras dimensões. Sem fanatismos, sem fantasias, sem exagero. Só o suficiente para acender a nossa luz. Assim fica melhor, assumir as verdades que habitam. Ainda existe a mesma criança que sempre desejou ser vista. Ainda existe a mulher que espera os elogios sinceros daquela pessoa especial.  Mas, no fundo, tudo isso exige um comportamento que aceite ser valorizado. Não dá pra ficar sem resposta diante de um elogio. Por isso a capinha da invisibilidade é tão gostosinha… Não chama a atenção. Não desperta julgamentos. Não atrai inveja. Que vidinha pobre e sem graça essa!

*Si*

Simone Ferreira
Enviado por Simone Ferreira em 23/05/2023
Código do texto: T7795219
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