Segunda Carta
Eu sabia o Amor de um jeito só meu. E, talvez seja verdade, que nunca quis explicar para você com absoluta clareza. Pus seis ou centenas de versos - não lembro! - aos seus pés e, assim, queria que entendesse, verso após verso, que neles eu dialogava com você.
Não o culpo por haver fugido - de susto ou de raiva - ao descobrir que era você o meu cúmplice secreto na arquitetura de um amor-crime-perfeito e, ao mesmo tempo, o alvo de tudo, o centro de tudo, a meta...
Deste modo, a palavra ausente era minha. A omissão, minha. E mais: o medo! Feito criança que esconde o óbvio, de minha palavra se fez um brincar de esconder tão mal-arranjado que o evidente tornou-se improvável.
Era de rir, se não fosse de chorar! Cabra-cega, esconde-esconde... a gente se perdeu. E eu fico, de cá, pensando que invencionice (infantil ou adulta) poderíamos inventar para re-compor o tempo e começar (de novo!) a contar aquela história que findou sem pé nem cabeça.
Contar de novo histórias e, desta vez, estrelas também! João e Maria. Se você deixasse... Se você soubesse o quanto o tempo conta... Conta! E eu conto também: estradas, e sonhos, e luas, e lutas. Mas nenhuma certeza é mais certa, nem maior do que você.
Agora, me diga - verdade ou conseqüência: você conheceu um jeito melhor de viver do que amando?
Jamais duvidei. O amor é chave, nave, nos leva além.
Mas não me avexo... O tempo conta! Vai te contar.