De malas aviadas
De malas aviadas
Viver é fazer malas e seguir viagem. Encher de sonhos, perfumar com sabonetes de lavanda, e uns dias antes colocar ao sol para que o bafio se perca na atmosfera.
Partir, é sempre revolucionário, implica mudanças que nos quebram as rotinas, e nos contrariam a comodidade dos movimentos que por si só são decididos e relaxados
Também devemos viajar nos sentimentos com a largueza dos horizontes, ter uma bagagem leve, tecida de afectos para que os possamos distribuir pelo caminho. Precisamos da irreverência da juventude para nos perdermos e da maturidade emocional para nos encontrarmos outra vez
Ir embora é também chegar, tocar o imprevisível, despertar os sentidos com a curiosidade e ir colhendo flores pelo caminho, com o perfume distraído da descoberta.
No campo emocional, não é necessária a distância, a partida é feita de vontade e coragem, por vezes tão simples desde que saibamos concretamente o que queremos e merecemos.
Esta viagem é feita na nossa casa sentimental, abrimos janelas, trancamos portas a quem não queremos deixar entrar.
E é nesta corrente de ar que implementamos com o vento a soprar, que há sempre algo de novo a chegar...
Luísa Rafael
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Porto, Portugal