Na Cadência
Cadê o meu escudo? Onde estão minhas esporas? Preciso tanto cuidar de mim, mas já não encontro caminhos. A vida grita: resista! Preciso manter um padrão razoável de energia. Vibrar no bem. Cultivar a fé. Eu não posso desmoronar. Não agora. Mas, minha fortaleza se diluiu no tempo. Na inexatidão das escolhas. Naquele movimento tão característico meu, colocar o coração na frente. Essa síndrome besta de heroína a compensar os estigmas de inutilidade impostos ao longo da vida. E toda minha força foi se esvaindo. O rio foi secando e eu persisti em fincar os pés no barro quebradiço. Não tenho chão. Nem tapete. Tudo foi levado pelo meu descuido. No momento de fraqueza abri os braços, as brechas, as couraças. Nesse apego ao mínimo de alegria eu deixei o barco à deriva. Mares e tempestades me levaram pra longe de mim. Tão, tão distante que não há mais caminho de volta. Estou num momento que se faz necessário uma tomada firme de decisão, mas o casulo desconfortável ainda parece tão quentinho. Talvez eu escolha permanecer só pra me pôr à prova, para aprender e quem sabe superar de verdade. Deixei toda aquela dor pra trás, mas no fundo ela não me deixou. Ainda está aqui. Sem caminhos de volta, voltei às mesmas armadilhas da autossabotagem. Só queria cuidar um pouquinho de mim. Resguardar minha alma cansada. Quem sabe assim eu consigo ter um olhar mais generoso para todo esse caos ao meu redor…
*Si*