Dance para mim
Venha mulher adorável e dance para mim, as curvas simples do seu corpo divino. Ondeie os membros, arqueie o dorso, espalhe os cabelos. Desnude-se em meu favor. Dê-me a meia-lua do seu ventre, o arco celeste dos seus ombros, seus seios agrestes empinados com bicos rosa e de toque ávidos.
Curve-se em dança modulada. Faça do seu corpo estrada e nela se lance em meu poema aguçando o fluir da minha pena, que desse seu tributo colhe o mais sublime prazer e o transforma no melhor verso.
Dance e não descanse enquanto não espantar do corpo a febre que te domina, dos pés este louco rodopiar, da alma essa sede cálida e do coração o desejo de se fundir a mim num simples beijo que vai iniciar uma entrega total. Não digas que o meu pedido é enganoso, já que adivinhas no desespero agudo dos meus olhos e deles colhe o reflexo de todos os meus segredos.
Sim, dance para mim em cada passo do meu verso. Faça de cada verso o seu corpo, de cada palavra o seu desejo, de cada desejo uma alva madrugada com nós dois presos na dobra do tempo mais recuada e aconchegante.