DESPEDIDA // ELIGIO MOURA //PROSA POÉTICA
Naquele momento forte
a despedida era silenciosa...
Um silêncio pesado, carregado de tensões...
Os olhares e os murmúrios
diziam mais que os outros sentidos...
Em verdade, algo estranho estava acontecendo ali.
Senti algo inusitado:
meu tempo se esvaía lentamente...
Tudo a minha volta, naquele leito,
parecia distante, e já saudoso...
Uma mixórdia de pensamentos me invadiu...
Mas a dor não permitia concentração além dela...
Tudo a minha volta parecia distante...
Havia um sentimento de saudade e adeus,
havia um sentimento do nada...
Havia a sensação da não-existência,
do vazio, do não-ser
mesmo das coisas mais simples...
Meu olhar era pétreo, na contramão da vida...
Este sentimento vazio inundou-me a alma,
o fim parecia inevitável, um vazio,
os valores da vida jaziam e não tinham mais sentido,
os problemas de cada um nada significavam...
Minha dor me conduzia
doendo e tomando conta da cena.
Minha dor me fazia coadjuvante,
minha dor me esvaía a vida...
A hora chegara, enfim.
Não havia questionamentos;
Desorientei-me, não entendi, não aceitei.
Mas era puro aquele momento imposto
pelo preposto do destino.
Era impossível acordar... ou sonhar.
Muito menos discutir ou discordar.
Vultos diáfanos se revezavam em volta de mim.
Lamentos se faziam e se misturavam aos meus,
mudos, no duro silencio choroso.
Não estava preparado para aquela não-existência...
Me desesperava em vão... Seria uma alucinação?
Mas havia no ar um clima de nada,
no abandono de tudo na vida...
Uma nostálgica e bucólica saudade pairava no ar.
Num lampejo vejo o amanhã,
mas parece ser apenas um sonho...
Ninguém faz nada,
resta-me aceitar mansamente
ou fugir daqui agora.
A multidão que me chora é simpática,
mas apática e estéril.
Não quero isso... Não agora!
Por que o silêncio?
Agora vocês me olham,
me apontam,
me preocupam
me desapontam,
me comentam...
me choram...
me velam...
000000000000000000000000000000
Observação:
Cabe-me esclarecer que o meu texto DESPEDIDA é apenas um exercício metapoético e não enfrento, no momento, nenhuma doença que ponha em risco imediata a minha vida. Esclareço ainda, que, por força de minha profissão, já enfrentei situações difíceis que me levaram a acidentes, incidentes e eu tive livramentos fatais mas perdi companheiros.
Naquele momento forte
a despedida era silenciosa...
Um silêncio pesado, carregado de tensões...
Os olhares e os murmúrios
diziam mais que os outros sentidos...
Em verdade, algo estranho estava acontecendo ali.
Senti algo inusitado:
meu tempo se esvaía lentamente...
Tudo a minha volta, naquele leito,
parecia distante, e já saudoso...
Uma mixórdia de pensamentos me invadiu...
Mas a dor não permitia concentração além dela...
Tudo a minha volta parecia distante...
Havia um sentimento de saudade e adeus,
havia um sentimento do nada...
Havia a sensação da não-existência,
do vazio, do não-ser
mesmo das coisas mais simples...
Meu olhar era pétreo, na contramão da vida...
Este sentimento vazio inundou-me a alma,
o fim parecia inevitável, um vazio,
os valores da vida jaziam e não tinham mais sentido,
os problemas de cada um nada significavam...
Minha dor me conduzia
doendo e tomando conta da cena.
Minha dor me fazia coadjuvante,
minha dor me esvaía a vida...
A hora chegara, enfim.
Não havia questionamentos;
Desorientei-me, não entendi, não aceitei.
Mas era puro aquele momento imposto
pelo preposto do destino.
Era impossível acordar... ou sonhar.
Muito menos discutir ou discordar.
Vultos diáfanos se revezavam em volta de mim.
Lamentos se faziam e se misturavam aos meus,
mudos, no duro silencio choroso.
Não estava preparado para aquela não-existência...
Me desesperava em vão... Seria uma alucinação?
Mas havia no ar um clima de nada,
no abandono de tudo na vida...
Uma nostálgica e bucólica saudade pairava no ar.
Num lampejo vejo o amanhã,
mas parece ser apenas um sonho...
Ninguém faz nada,
resta-me aceitar mansamente
ou fugir daqui agora.
A multidão que me chora é simpática,
mas apática e estéril.
Não quero isso... Não agora!
Por que o silêncio?
Agora vocês me olham,
me apontam,
me preocupam
me desapontam,
me comentam...
me choram...
me velam...
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Observação:
Cabe-me esclarecer que o meu texto DESPEDIDA é apenas um exercício metapoético e não enfrento, no momento, nenhuma doença que ponha em risco imediata a minha vida. Esclareço ainda, que, por força de minha profissão, já enfrentei situações difíceis que me levaram a acidentes, incidentes e eu tive livramentos fatais mas perdi companheiros.