Poço

Fechei a porta pra nao ver de novo a mesma cena.

Por que um dia a gente acorda e o que era dilema, se esvai.

O que ainda poderia ser um sim,

se torna não.

Por pura sobrevivência.

Amor não morre, mas desencarna.

O que me ensinou a experiência é que tem uns dos quais a gente não corre,

a gente simplesmente MATA.

Do contrário, a gente cai.

E o fosso é tão profundo.

A escuridão é tão densa, que te trava e não há como subir.

Então o que a gente faz?

A gente cava e cava.

Rasga as unhas, vê a roupa puir.

E em tão estreito túnel, só cabemos a nós mesmos,

uma esperança pouca e algumas sequelas.

Saímos como escravos libertos,

alforriados por nós mesmos, sem saber pra onde vamos.

Velhas molduras com nova tela.

Quem sabe um dia, tal poço,

coberto dos centavos de outros casais de namorados,

se transforme em fonte de amor voraz,

de horizonte renovado.

Só nunca esqueça que por baixo de um novo amor que floresça,

na penumbra jaz, um que um dia, já foi soterrado.

Raphael Moura
Enviado por Raphael Moura em 12/05/2023
Código do texto: T7786365
Classificação de conteúdo: seguro