Calmaria
Das minhas ruas quebradas de esquinas, às vezes sou noite varrida de ventos bagunçando meus lixos de emoções. É que as incompletudes fazem parte da vida; E as saudades são imortais.
Das minhas muralhas estendidas até onde me permito ocultar, faço rascunhos dos medos que tenho, para que talvez em algum momento, consiga libertar-me. É que o ser é de não saberes, mas ao longo do tempo, de descobrimentos.
E das andanças que tenho nos meus caminhos diversos, sou paisagem diversificando-me em florestas, sertões, rios, cidades, mares e desertos. É que é inevitável manter-se somente na paz ou numa guerra.
E das sobras que minhas ações deixam em mim, me fartam sorrisos, noutras vezes lágrimas tingem transparências no olhar. Mas tudo passa ou pelo menos se aquieta. O tempo é de uma inexatidão tão exata, que diante dele tudo se transforma.
Das estrelas penduradas nos céus que tenho em mim, gosto de tocar o brilho do sol com as pontas dos dedos no corpo delas, porque é essa luz doada por ele, que faz de rochas e poeira cósmica, todas essas constelações em meu ser e meu olhar. A beleza reside na alma e se exalta quando experimentada pela sensibilidade em minudências. Todas as coisas, exceto o mal, são bonitas no universo e nas pessoas; Só depende da forma como são vistas e sentidas.
E então da sabedoria que tenho, eu apenas sei um pouco. No mais, tudo fica oculto e calado; Somente poesia e canção e uma paz inteira em meu ser.