Liquidificador
Quando não há sentimentos suficientes para preencher a brancura dos papéis vazios… Aceito a frieza do céu cinza chumbo a desabar tempestades aqui de dentro. Melhor falar sobre escrever. Este ato mecânico de amar cada palavra que nasce. Construir sentenças de elegante incerteza. O dom pela vida própria a se manifestar. Deixar a intuição guiar mãos cegas por mares de deserto. Áspero. Salgado. Mas… Que fazer com toda essa potência que habita meu silêncio? Com todas as sombras que moram nesse vazio? E toda essa força tão bem resguardada? Nada! Definitivamente nada! Escrita é para chacoalhar. Tirar tudo do lugar. Muito mais para criar dúvidas que receitas prontas. Também é desconfortável uma das faces, nada suave, dessa tal zona de conforto. Do silêncio do bosque novas flores virão enfeitar os espinhos. Se tudo que tenho são ausências, inventarei castelos de areia, sol e sal. Que a chuva lave, renove… Renasça!
*Si*